"As pessoas são hipócritas, dizem que querem a verdade, mas vivem constantemente na mentira por terem medo de mostrar as suas reais vontades." Dr. House


domingo, 20 de abril de 2014

A Justiça é cega

Tenho problemas com assuntos que envolvam a Morte e, quando soube do caso do menino Bernardo, 11anos, que foi encontrado enterrado em um matagal, entrei em desespero.
Primeiro porque meu maior medo é ficar sem as pessoas que eu amo, mas que sei que inevitavelmente, em algum momento, vai acontecer e em segundo porque me recuso a aceitar que o menino teve de passar por isso e terminar com um fim trágico.
Para mim, o maior culpado pelo acontecimento foi o Centro de defesa da criança e do adolescente e do MP, quando o menino (olhem só, um menino de 11 anos) foi buscar ajuda porque não tinha afeto e era abandonado pelo pai e maltratado pela madrasta. Pelas informações que li, Bernardo chegou a pedir para morar com outras famílias, que negaram o pedido.
Sei que existem inúmeros trâmites na Justiça para resolver um caso e que não é só pedir e sair morando com outras pessoas. Mas por que eles não deram mais atenção ao menino? Até a avó se dispôs a ter a guarda do menino, mas de nada adiantou o pedido dele e a boa vontade dela, se a prioridade era o pai. Prioridade de um pai que não cuidava do filho há quatro anos, desde a data em que a esposa "se suicidou"?
Seguem mais informações que eu peguei do site:




Bernardo Uglinone Boldrini, de 11 anos, já era conhecido da promotora de Justiça Dinamárcia Maciel de Oliveira desde o fim do ano passado. O menino, que ela descreve como sendo amoroso e afetivo, procurou o Ministério Público para se queixar da ausência do pai, o médico Leandro Boldrini, e das ofensas da madrasta, com quem morava desde a morte da mãe, em 2010.
Antes de receber a visita de Bernardo, a promotora havia tomado conhecimento de que o menino passava por dificuldades em casa por meio de uma assistente social. Após as discussões com a madrasta, Graciele Boldrini, o rapaz ia para casa de amigos, segundo Dinamárcia.
— A situação era que o pai não sabia onde o Bernardo estava. Ele ficava na casa dos amigos da família, dos pais dos colegas da escola. O pai nunca sabia onde ele estava. Ele discutia com a madrasta, abria a porta, saía para a rua e pensava: “vou jantar na casa do fulano”. Ia lá, dormia e no outro dia de manhã passava em casa para pegar o material de escola e ir para o colégio.
Cansado do abandono, o menino resolveu procurar ajuda. Sem saber por quem ele foi orientado, a promotora conta que quando já tinha conhecimento do caso, foi surpreendida pela visita do menino.
— Eu perguntei a ele, “mas o que tu vieste fazer aqui?”. Ele me disse: “eu vim te pedir uma nova família”. Depois de cinco minutos de conversa ele estava sentado no meu colo agarrado no meu pescoço, dizendo para mim que ele queria uma nova família, porque ele queria um lar com amor.
A promotora consultou a avó materna do garoto, com quem ele não tinha contato há alguns anos, já que o pai não se dava com a ex-sogra. Jussara Uglione disse que poderia assumir a guarda do neto. Bernardo sugeriu ir para a casa de outra família, amigos dos pais. Mas eles preferiram não se envolver.


Diante da situação, a promotora comunicou o juiz Fernando Vieira dos Santos e uma audiência foi marcada para 11 de fevereiro, com Bernardo e o pai. O médico ficou “estarrecido” , segundo a promotora, porque não sabia de tal situação. (Como um pai, por mais tempo que passe do filho, não sabe o que está se passando com o próprio filho?) Ele admitiu que se dedicava mais ao trabalho, mas disse que poderia provar que era um bom pai.
— Ele queria que a Justiça desse uma oportunidade a ele, como médico, sem antecedentes criminais, com respeito na comunidade. (Grande coisa ter respeito na comunidade, não ter antecedentes criminais se o maior crime que ele cometia todos os dias era abandonar o próprio filho. Que oportunidade o cara queria se ele teve 4 anos para ter a oportunidade?) Conversamos com o menino e o próprio Bernardo deu uma chance ao pai.  Ele disse, “mas eu quero um bichinho de estimação, eu quero que a madrasta não me xingue mais”. Condições bem próprias para a idade dele. E o juiz disse para o pai conversar com a companheira e pedir que ela se comportasse como uma adulta. (o juiz deveria ter dito o mesmo para o pai de Bernardo).
Uma nova audiência estava marcada para o próximo mês. Até saber do desaparecimento e da morte, a promotora disse que acreditava que tudo estava melhorando, porque as pessoas comentavam que quase não viam Bernardo na rua.



Olhem a situação da coisa, o menino morava com a madrasta desde 2010, ano em que a mãe morreu? Não é cedo demais para um pai viúvo com um filho de 7 anos já estar morando com outra mulher, que também trabalhava na mesma área em que a esposa falecida? Não acredito que seja suicídio. Para mim isto está parecendo com um triângulo amoroso que, ao ser descoberto pela mãe de Bernardo, deu problema e a solução foi “calar” a mãe do menino. Observem que o pai já era dono da clínica e a madrasta ficou como sócia, assim como a mãe de Bernardo, mas isso foi antes ou depois da mãe se “suicidar”? E por que a madrasta implicava tanto com a criança e o pai não dizia nada? Temos de levar em consideração a situação que havia uma herança da mãe que passaria para o filho.
 Mas o que mais me chocou nesse texto foi ler o depoimento da promotora:
Eu perguntei a ele, “mas o que tu vieste fazer aqui?”. Ele me disse: “eu vim te pedir uma nova família”. Depois de cinco minutos de conversa ele estava sentado no meu colo agarrado no meu pescoço, dizendo para mim que ele queria uma nova família, porque ele queria um lar com amor.”
Só de ler isso já sinto vontade de chorar. Por que a promotora não deu mais ouvidos ao menino? Por que não investigou mais a família? Puxa, havia alguém para ficar com Bernardo, mas eles resolveram entregar o menino aos lobos... Mesmo que me digam que o pai se mostrou receptível, não acredito. Um pai ou uma mãe de verdade não deixa que uma situação dessas ocorra, pois é um absurdo que alguém não sinta vergonha de si mesmo ao saber que o próprio filho PROCUROU A JUSTIÇA ALEGANDO ABANDONO E FALTA DE AMOR, QUERENDO MORAR COM OUTRA FAMÍLIA!!!
Após o teatro do pai, o pobre Bernardo decidiu tentar mais uma vez. Afinal, que criança não quer estar perto dos pais, ainda mais se a mãe já morreu e só resta o pai? Oras, ele só tinha 11 anos!
Mas o que me surpreende mais é o fato de uma criança de 11 anos ir à Justiça procurar ajuda. Puxa, se o Bernardo já morava há 4 anos com o pai e a madrasta e não estava feliz a ponto de procurar um promotor (que criança faz isso?), por que eles mandaram o menino de volta? Deveriam ter investigado mais, pois não era uma situação corriqueira. Assim, entregaram o menino de bandeja para a Morte...
Não sei, perdoem minha ignorância, mas se uma criança de 11 anos chega ao ponto de buscar a Justiça como o Bernardo procurou é porque alguma coisa não vai bem. Não vai nada bem. Não foi uma situação em que o pai bateu no filho e o filho correu para os braços da mãe em busca de consolo. Será que ninguém viu isso?!
Bem, agora não há mais o que fazer, pois o Bernardo foi embora e não vai voltar mais... Agora só resta ver o que é que a Justiça vai fazer com o “trio da saúde” e se não vai continuar "cega"...


Só digo uma coisa:
Pessoas...