Primeiro
porque meu maior medo é ficar sem as pessoas que eu amo, mas que sei que
inevitavelmente, em algum momento, vai acontecer e em segundo porque me recuso
a aceitar que o menino teve de passar por isso e terminar com um fim trágico.
Para
mim, o maior culpado pelo acontecimento foi o Centro de defesa da criança e do
adolescente e do MP, quando o menino (olhem só, um menino de 11 anos) foi
buscar ajuda porque não tinha afeto e era abandonado pelo pai e maltratado pela
madrasta. Pelas informações que li, Bernardo chegou a pedir para morar com
outras famílias, que negaram o pedido.
Sei
que existem inúmeros trâmites na Justiça para resolver um caso e que não é só
pedir e sair morando com outras pessoas. Mas por que eles não deram mais
atenção ao menino? Até a avó se dispôs a ter a guarda do menino, mas de nada
adiantou o pedido dele e a boa vontade dela, se a prioridade era o pai. Prioridade de um pai que não cuidava do filho há quatro anos, desde a data em que a esposa "se suicidou"?
Seguem
mais informações que eu peguei do site:
Bernardo Uglinone Boldrini, de 11 anos,
já era conhecido da promotora de Justiça Dinamárcia Maciel de Oliveira desde o
fim do ano passado. O menino, que ela descreve como sendo amoroso e afetivo,
procurou o Ministério Público para se queixar da ausência do pai, o médico
Leandro Boldrini, e das ofensas da madrasta, com quem morava desde a morte da
mãe, em 2010.
Antes de receber a visita de Bernardo,
a promotora havia tomado conhecimento de que o menino passava por dificuldades
em casa por meio de uma assistente social. Após as discussões com a madrasta,
Graciele Boldrini, o rapaz ia para casa de amigos, segundo Dinamárcia.
— A situação era que o pai não sabia
onde o Bernardo estava. Ele ficava na casa dos amigos da família, dos pais dos
colegas da escola. O pai nunca sabia onde ele estava. Ele discutia com a
madrasta, abria a porta, saía para a rua e pensava: “vou jantar na casa do
fulano”. Ia lá, dormia e no outro dia de manhã passava em casa para pegar o
material de escola e ir para o colégio.
Cansado do abandono, o menino resolveu
procurar ajuda. Sem saber por quem ele foi orientado, a promotora conta que
quando já tinha conhecimento do caso, foi surpreendida pela visita do menino.
— Eu perguntei a ele, “mas o que tu
vieste fazer aqui?”. Ele me disse: “eu vim te pedir uma nova família”. Depois
de cinco minutos de conversa ele estava sentado no meu colo agarrado no meu
pescoço, dizendo para mim que ele queria uma nova família, porque ele queria um
lar com amor.
A promotora consultou a avó materna do
garoto, com quem ele não tinha contato há alguns anos, já que o pai não se dava
com a ex-sogra. Jussara Uglione disse que poderia assumir a guarda do neto.
Bernardo sugeriu ir para a casa de outra família, amigos dos pais. Mas eles
preferiram não se envolver.
Diante da
situação, a promotora comunicou o juiz Fernando Vieira dos Santos e uma
audiência foi marcada para 11 de fevereiro, com Bernardo e o pai. O médico
ficou “estarrecido” , segundo a promotora, porque não sabia de tal situação. (Como um pai, por mais tempo que passe do filho, não sabe o que está se passando com o próprio filho?) Ele admitiu que se dedicava mais ao trabalho, mas disse que poderia provar que
era um bom pai.
— Ele queria que a Justiça desse uma
oportunidade a ele, como médico, sem antecedentes criminais, com respeito na
comunidade. (Grande coisa ter respeito na comunidade, não ter antecedentes criminais se o maior crime que ele cometia todos os dias era abandonar o próprio filho. Que oportunidade o cara queria se ele teve 4 anos para ter a oportunidade?) Conversamos com o menino e o próprio Bernardo deu uma chance ao
pai. Ele disse, “mas eu quero um bichinho de estimação, eu quero que a
madrasta não me xingue mais”. Condições bem próprias para a idade dele. E o
juiz disse para o pai conversar com a companheira e pedir que ela se
comportasse como uma adulta. (o juiz deveria ter dito o mesmo para o pai de Bernardo).
Uma nova audiência estava marcada para
o próximo mês. Até saber do desaparecimento e da morte, a promotora disse que
acreditava que tudo estava melhorando, porque as pessoas comentavam que quase
não viam Bernardo na rua.
Olhem
a situação da coisa, o menino morava com a madrasta desde 2010, ano em que a
mãe morreu? Não é cedo demais para um pai viúvo com um filho de 7 anos já estar
morando com outra mulher, que também trabalhava na mesma área em que a esposa
falecida? Não acredito que seja suicídio. Para mim isto está parecendo com um
triângulo amoroso que, ao ser descoberto pela mãe de Bernardo, deu problema e a
solução foi “calar” a mãe do menino. Observem que o pai já era dono da clínica
e a madrasta ficou como sócia, assim como a mãe de Bernardo, mas isso foi antes ou depois da mãe se
“suicidar”? E por que a madrasta implicava tanto com a criança e o pai não
dizia nada? Temos de levar em consideração a situação que havia uma herança da mãe que passaria para o filho.
Mas o que mais me chocou nesse texto foi ler o
depoimento da promotora:
“Eu perguntei a ele, “mas o que tu vieste fazer aqui?”. Ele
me disse: “eu vim te pedir uma nova família”. Depois de cinco minutos de
conversa ele estava sentado no meu colo agarrado no meu pescoço, dizendo para
mim que ele queria uma nova família, porque ele queria um lar com amor.”
Só
de ler isso já sinto vontade de chorar. Por que a promotora não deu mais
ouvidos ao menino? Por que não investigou mais a família? Puxa, havia alguém
para ficar com Bernardo, mas eles resolveram entregar o menino aos lobos...
Mesmo que me digam que o pai se mostrou receptível, não acredito. Um pai ou uma
mãe de verdade não deixa que uma situação dessas ocorra, pois é um absurdo que
alguém não sinta vergonha de si mesmo ao saber que o próprio filho PROCUROU A JUSTIÇA ALEGANDO ABANDONO E FALTA DE AMOR,
QUERENDO MORAR COM OUTRA FAMÍLIA!!!
Após
o teatro do pai, o pobre Bernardo decidiu tentar mais uma vez. Afinal, que
criança não quer estar perto dos pais, ainda mais se a mãe já morreu e só resta
o pai? Oras, ele só tinha 11 anos!
Mas
o que me surpreende mais é o fato de uma criança de 11 anos ir à Justiça
procurar ajuda. Puxa, se o Bernardo já morava há 4 anos com o pai e a madrasta
e não estava feliz a ponto de procurar um promotor (que criança faz isso?), por
que eles mandaram o menino de volta? Deveriam ter investigado mais, pois não
era uma situação corriqueira. Assim, entregaram o menino de bandeja para a
Morte...
Não
sei, perdoem minha ignorância, mas se uma criança de 11 anos chega ao ponto de
buscar a Justiça como o Bernardo procurou é porque alguma coisa não vai bem.
Não vai nada bem. Não foi uma situação em que o pai bateu no filho e o filho
correu para os braços da mãe em busca de consolo. Será que ninguém viu isso?!
Bem,
agora não há mais o que fazer, pois o Bernardo foi embora e não vai voltar
mais... Agora só resta ver o que é que a Justiça vai fazer com o “trio da
saúde” e se não vai continuar "cega"...
Só digo uma coisa:
Pessoas...